quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Rapa de Tacho, Causos Gauchescos (Apparicio Silva Rillo)

No silêncio que se fez a voz do gauchão subiu da goela para encher a sala:

-Isto é baile de respeito,
baile de muita fartura.
As moças já tão sem calça
e os home de piça dura…

Nem bem terminara o verso e lo cercaram. As velhas arrastaram as filhas para o quarto, relampearam adagas na mão de meia dúzia, o mestre-sala enfiou um 44 nas ventas do gauchão de São Chico.

- Deixem o home comigo! – Berrou. Com cara de quem tomou chá de losna sem açúcar, os olhos fuzilando, intimou: – Descanta o verso, fiadaputa! Descanta o verso ou te encomenda ao diabo!

O gauchão de São Chico se deu conta da bobagem que fizera. Esquecera de que touro em rodeio alheio é vaca. O remédio, agora, era obedecer à intimação. O 44 estava a dois palmos de seu nariz, as adagas prontas para lhe abrirem talhos pelo lombo. Pigarreou forte e descantou o verso:

- É bruto nadar de poncho
e mergulhá de guarda-sol.
As moças já tão de calça
e os home de piça mol…

Saiu ombreando madeira pela porta, a melena chamuscada pelo tiro de 44 que lhe raspou a cabeça, ao pé do ouvido.

Rapa de Tacho, Causos Gauchescos (Apparicio Silva Rillo)

ABUNDANTES RIMAS CHULAS

Rômulo Marinho

(O Ministério da Cultura adverte: não é recomendável a leitura por menores de cem anos e pessoas sensíveis ou predispostas a náuseas).



HOJE ACORDEI E CHOREI. POBRE DE MIM FICAR ASSIM.

MIXO. EXANGUE. O PÉ NO LIXO E A MENTE NO MANGUE.

INDISCRETO E SEM AFETO. POLITICAMENTE INCORRETO.

RECONHECER É FORÇOSO: E POETICAMENTE INDECOROSO.

COMO BRADOU BANDEIRA, QUERO FALAR E GRITAR ASNEIRAS,

TAL ESTIVESSE "NO ESTRO BRUTAL DAS BEBEDEIRAS".

ALGO EM MIM, QUE NÃO PARECE RUIM, AGITA, AGE.

SERÁ, MEU BEM, QUE, ENFIM, BAIXOU EM MIM O BOCAGE?

FIZ VERSOS RUDES. OS QUE PUDE. DE NÍVEL MUITO BAIXO.

IGUAIS A MORTO NO CAIS DO PORTO. NELES ME ENCAIXO.

FICO FULO. A ÓTIMA RIMA LATINA, MEIO AVEXADO, PULO.

ACABO ME PERDENDO E ESCREVENDO UM PALÍNDROMO CHULO.

QUE DESILUSÃO. DE BAIXO CALÃO. SUJO COMO CARAMUJO:

ATÉ CUBANOS METEM... SE NÃO GOSTAREM, DESINFETEM.

HORRÍVEL, MAS CRÍVEL. ACIMA, URUBU ME DÁ OUTRA RIMA.

RECUSO. NÃO ABUSO. MEIO LESO, SUPRIMO A RIMA E RESO..

O COMPUTADOR, MUITO CONSERVADOR, ENFEZA E ME TESA.

É UM PENTELHO. GRIFA LOGO EM VERMELHO MINHA RESA.

NÃO LIGO E O DESPREZO. MAS, COMO SUGERE, NÃO RESO.

AH! URUBU ROBUSTO! QUE FIZESTE DA SORTE DO AUGUSTO?

ELE NÃO CANTA NEM ENCANTA. NEM MESMO APÓS A JANTA.

TAMBÉM NINGUÉM O MIMA. PUDERA, COM ESSA RIMA.

AMANHÃ, NO DIVÃ, ESTIVE EM ANDORRA. LÁ É UMA ZORRA.

PURA SACANAGEM A VIAGEM. SÓ QUERIA RIMA PRA BORRA.

NESTE MOMENTO (DIZER CONVÉM?), ME TELEFONA ALGUÉM.

QUEM? VEJA VOCÊ. UM ANTIGO E QUERIDO COLEGA DA OAB.

O LACERDA. RIMA RIQUÍSSIMA! MINHA MÃE SANTÍSSIMA!

QUEM HERDA NÃO MEDRA. ESSA É PRA CARA DE PEDRA.

OUVI UMA MULHER, QUE OUSA, FALAR OUTRA COUSA.

SOCORRA-ME SEU COSTA (COM QUEM FIZ UMA APOSTA).

A MAIS FÁCIL É GOSTA. ALGUÉM JÁ INVENTOU JOSTA.

NÃO ME AGRADA. NÃO SOU LENIENTE COM ESSA GENTE.

POR DEMAIS EVIDENTE. MEU LÁPIS CAIU, DE REPENTE.

NÃO FOI NADA, COMO SE VIU. SÓ A PONTA QUE PARTIU.

SOA A RIMA BOA. CHAMO A PATROA. A LIRA NÃO PERDOA.

VI JOANA, A INSANA, JOGAR BARALHO COM SEU CARVALHO.

SE NÃO GOSTAR DESSA, ME DESPEÇA E META O MALHO.

INSUPERÁVEL, ENTANTO, É MINHA AMIGA RAIMUNDA:

ROTUNDA, PROFUNDA, CORCUNDA, CONFUNDA, SEM FUNDA,

ORIUNDA, MORIBUNDA... COMO VÊEM, A RIMA ABUNDA.

UMA BELA CRIAÇÃO DO FAMOSO MESTRE DAY LEE SUNDA.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ode à buceta

(Angolaxyami.com )

Alguns a chamam simplesmente de buceta,
Da senhora, da mulher, da moça, da ninfeta.

Xana, xavasca, xereca, só com X são tantos,
Nomes diversos que não mostram seus encantos.

Entre as pernas, a racha, a pata de camelo,
Um pouco acima, a careca, ou tufos de cabelos.

Alguns a chamam de xoxota, ou apenas xota,
O nome, apenas um nome, não me importa.

São tantas, e tão iguais e tão diferentes,
Não importa se de santas ou damas indecentes.

Perseguida sempre pelos homens, a perseguida,
Literalmente, por ela, passa-se a vida.

O todo é a vagina, e a vulva, o seu exterior,
Lugar de luxúria, prazer e fervor.

Provocante, encerra promessas e desejos,
Autoritária, exige atenção e meus beijos.

Tímida, só se mostra na derradeira hora,
Submissa, espera que lhe tirem a roupa fora.

Massageando, girando, se umedece inteira,
Escorre seu sumo, se contorce faceira.

Engole, suga, mostra toda a sua fome,
Que não se sacia, que é uma luxúria enorme.

É secreta, é tímida enquanto se desnuda,
Mas quando se abre, é suculenta, é carnuda.

É quente, e com sorte, também é molhada,
É divertida, é uma brincadeira levada.

Ah! Buceta, enfim, essa desconhecida...
Todas palavras não te descreviam nesta vida.

Poesia do caralho

Gaita, marzápio, nabo, tromba
Mastuço, pincel, piroco, piroca
Pila, piça, picha, pichota
Cobra zarolha, birote, minhoca

Cobra cuspideira, bacamarte, vergalho
Cagalhão com varizes, cacete, arpão
Tarolo, verga, argamanho, piçaralho
Chouriço com veias, marcambúzio, canhão

Mastro, besugo, sarda, sardão
Cabeça de pessego, tora e mangalho
Tudo isto são nomes que se dão
Para não lhe chamar caralho

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pinto mole em buceta dura, tanto bate até que fura

por Kone)

Um pinto quando é mole
É chupado e fica duro
Pessoa amada não se escolhe
Se compra com ouro puro

Aliança para o dedo
Sozinhos no recinto
Amor não tenha medo
Só vai entrar o pinto

- EPA, NO CU NÃO!
- Mas no cu que é gostoso
- Se tentar comer meu cu…
eu não bebo o seu gozo.

Amores vem e vão
Sexo é consequência
Respirou eu to comendo
Diga não a violência.

Poema da buceta cabeluda

(Bráulio Tavares)

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos,
lúdicos, profanos.
É faminta
como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos
como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda
como um tapete persa.
É um buraco-negro
bem no meio do púbis
do Universo.

A buceta da minha amada
é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua
é lambda.

A buceta da minha amada
é um tesouro
é o Tosão de Ouro
é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro, de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas que ela geme
quando a gente fode.

Soneto da Buceta

(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Coitada! É tão feia que só vive escondida entre as coxas
E se não tomar um bom banho nenhum homem aguenta
Mas é tão quente e deliciosa quando nos deixa as picas roxas
Que sempre voltamos pedindo mais se a mulher não é marrenta!

Engraçada! Com o seu grande raxado no meio da face
E aqueles pelos negros, loiros ou ruivos a cobrindo do lado
Onde as línguas masculinas passeiam sem nenhum disfarce
Se a mulher que ver a lua que brilha no quarto todo apagado.

Ah! Tão feia mas tão necessária para quem adora a fruta
Que vivemos admirando as mulheres tão lindas de tão belo tesouro
Por qual o homem chora, briga, mente, goza e luta.

No grande jogo da sedução que acontece em todas as idades
Onde as mulheres são os cofres que se esconde o ouro
Que só se pode ser lapidado na entrega e gozo de nossas carnes.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A criação da Xoxota

Mario Quintana


Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como pode se ver:
Chegando na frente, veio um açougueiro,
Com faca afiada deu talho certeiro.
Um bom marceneiro, com dedicação,
Fez furo no centro com malho e formão.
Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno,
Forrou com veludo o lado interno.
Um bom caçador, chegando na hora,
Forrou com raposa, a parte de fora.
Em quinto chegou, sagaz pescador,
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor.
Em sexto, o bom padre da igreja daqui,
Benzeu-a dizendo: 'É só pra xixi!'.
Por fim o marujo, zarolho e perneta,
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a...
Buceta!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vendedor de bucetas - Caju e Castanha

Olha a buceta
magrinha gordinha
ja tão crescidinha
já da pra chupa


Paga duas leva três
aproveite freguês (2x)
que já vão acaba
Eu plantei essa mudinha
no fundo do meu quintal
foi crescendo as bucetinha
e formo um bucetão hoje
eu ganho meu dinheiro
você canta o dia inteiro
oferecendo pro pessoal

Olha a buceta, bucetinha, bucetão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão

Eu cuido muito bem delas
Porque é meu ganha pão
por isso não ponha o dedo
por favor não ponha mão
meu amigo isso não é teta
não me aperta essas buceta
que elas ficam com tesão

Olha a buceta, bucetinha, bucetão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão

Uma ali pro cavalheiro
Outra ali pro cidadão
Uma ali pro punheteiro
olha o troco meu irmão
Isso aqui é coisa rara
com cabaço são mais cara
e as larga em liquidação

Olha a buceta, bucetinha, bucetão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão

A melhor coisa é buceta
isso não tem discussão
ta provado qua a punheta
é somente uma ilusão
quando você ta gozando
você pensa que ta trepando
e ta com o caralho na mão!

Olha a buceta, bucetinha, bucetão
Quem tem dinheiro leva
quem não tem fica na mão

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cu, Porteira Redonda

Cu
porteira redonda
cercada de fios de cabelo
por onde passa o sinuelo
das tropas que vem do bucho
pra conservar as tuas pregas
não precisa muito luxo
é só limpar com macegas
no velho estilo gaúcho

Te saúdo cu de índio xucro
sovado de tanta bosta
por que coragem tu mostras
quando a merda vem a trote
e se ela é meio dura
devagar tu não te apuras
pra evitar que te maltrate

Cu
velho cu miserável
sempre de boca pra baixo
pois sendo cu de índio macho
desses que caga em tarugo
e nunca deixa refugo
se alguma merda carregas
é só limpar com macegas
ou mesmo usando um sabugo

Cu
mártir do corpo
malquisto e desprestigiado
no mais das vezes cagado
e enferrujado na rosca
teu destino é coisa osca
pois enquanto a vida passa
a boca bebe cachaça
e tu sempre a juntar moscas.

Buceta Velha

Velha buceta gaudéria
Criada em vestido de chita
Quanta guasca já abrigaste
Nesta tua gruta bonita

És porteira sempre aberta
A espera de uma chonga
Seja grossa ou seja fina
Seja curta ou seja longa

Quando nova sempre pronta
A galope numa piça
Para dar mais uma foda
Nunca sentiste preguiça

Tua história ainda registra
O buceta legendária
A entrada de uma piça
Aumentando a tua área

Está chegando o teu fim
Já tens a missão cumprida
Resta viver a saudade
Do tempo em que eras fodida

Nas nádegas que te cercam
Muito bicho já deitou
E ainda, ainda em tempo
Até chato se encontrou

Hoje, velha já cansada
Enrugada, já sem graça
Parece beiço de negro
Maltratado da cachaça

Por isso, oh buceta sublime!
Eu te exalto agora aqui
Pois não há homem neste mundo
Que possa viver sem ti

Milongay

Me esperavam de bombacha
quando eu vim de calça em vinco.
Pensavam que eu era caudilho
e eu era prenda do "35".

Eu sou taura mui largado
da tropilha farroupilha.
Mas não é que o lenço rubro
tá virando gargantilha?

Eu montei na egüita baia,
eta egüita que era xucra.
E saí na ventania
balançando a minha peruca.

Um taura mui largado
perguntou: donde ele vai?
Eu peguei minha guaiaca
e fui pra esquina do Dmae.

Com faca de aparar guampa
me perdi à la gandaia.
Aindo corto minhas bombachas
pra fazer uma minissaia.

Poesia do Gaúcho fazendo exame de próstata

Exame da Próstata

Andava mijando errado
Com as urina em atraso
Era uma gota no vaso
Três ou quatro na lajota
Quando não era nas bota
Na bombacha ou no scarpim
Eu mesmo mijando em mim
Que tamanha porcaria
E o meu tico parecia
Uma mangueira de jardim

O pensamento mandava
O pau não obedecia
Quando a bexiga se enchia
Eu mijava à prestação
Pro banheiro em procissão
Uma ida atrás da ôtra
Numa mijada marota
Contrastando com meu zelo
Pra beber era um camelo
E pra mijar um conta-gota

Depois de passar um bom tempo
Convivendo com esse horror
Me fui atrás de um doutor
Que atendesse meu pedido
Me desse algum comprimido
Pra mim empurrar goela abaixo
Tenho certeza não acho
Que bem antes que eu prossiga
É importante que eu diga
Que não deixei de ser macho

Mas buenas voltando ao causo
Que é natural que eu reclame
Depois de um monte de exame
De urina e ecografia
E até fotografia
Da minha arma de trepá
Me obrigaro desaguá
Ajoelhado num pinico
E me enfiaro um troço no tico
Que me dói só de lembrá

Ainda dei o meu sangue
Pros vampiro diplomado
Pensei que tinha acabado
Só me faltava a receita
Já tinha uma idéia feita
Me trato e adeus doutor
Recupero o mijador
Nem sonhava em concluir
Que alguém iria invadir
Meu buraco cagador

Fiquei bem contrariado
Tomei um baita dum choque
Quando me falaram em toque
Achei bem desagradável
Pra um macho é coisa impensável
Um dedão campeando vaga
No lugar que a gente caga
Vejam só o meu dilema
O pau é que dá problema
E o meu cu é que paga

Tentei todos argumentos
Me esquivei o quanto pude
Mas se é pra o bem da saúde
Não deve me fazer mal
Expor assim meu anal
Fazer papel de mulher
Nem tudo que a gente quer
Tá de acordo com os planos
Fui derrubando meus panos
E se salve quem puder

De cotovelo na mesa
A bunda véia empinada
No cu não passava nada
Nem piscava de apertado
Mas era um dedo treinado
Acostumado na bosta
E eu que nunca dei as costa
Pra desaforo de macho
Pensava de pinto baixo
O pior é se a gente gosta

Pra mim foi mais que um estupro
Aquilo me entrou ardendo
E então eu fiquei sabendo
Como se caga pra dentro
Aquele dedo nojento
Me atolando sem piedade
Me judiou barbaridade
Que alívio quando saiu
Garanto pra quem não viu
Que não vou sentir saudade

Enfiei a roupa ligeiro
Com vergonha e desconfiado
Vai que o doutor abusado
Sem pena das minhas prega
Chamasse um outro colega
Pra uma segunda opinião
Apertei o cinturão
Fiz uma cara de brabo
Dois mexendo no meu rabo
Aí seria diversão

Depois daquela tragédia
Que pior pra mim não tem
Não comentei com ninguém
Pra evitar o falatório
Se alguém fala em consultório
Me bate um pouco de medo
Não faço nenhum segredo
Dessa macheza que eu trago
Mas cada vez que eu cago
Me lembro daquele dedo

Aventura de Piá

Barranquear é verbo xucro
Mais velho que a monarquia
Criado em fodologia
De um modo pampeiro e franco
Pois toda a língua falada
Tem sua definição
É uma égua num barranco
E um cuera de pau na mão

O costume é muito antigo
Quase da idade da vida
Por alguma recolhida
Pela madrugada clara
Que algum xucro tapejara
Incendiado de tesão
Descobriu a invenção
De equilibrar a taquara

Piá de estância é caso sério
Quando vai ficando homem
Pra não sucumbir de fome
Há de viver de gambeta
Há de encontrar uma teta
Escoro pra cabeçalho
Pra não tronchear o caralho
De tanto tocar punheta

Esta história é de todos
Vou contar, portanto, a minha
Cresci fodendo galinha
No maior desembaraço
Arranquei tanto cabaço
Sem cerimônia e nem prosa
E larguei tanta penosa
Renga de tanto piçasso

Fui galo por muito tempo
Desvirginei muita franga
A piça era uma pitanga
De tanto que trabalhava
Até nem sei que gosto achava
Naquela fodologia
A pobre entrava e saía
Mas porém nunca acabava

Angola, coelho, seriema,
Gansa, marreca, perua,
Tudo passava na pua
Marchando com o fodedor
Uns a ferro, outros a dor
Iam tomando no isqueiro
Nem o galo do terreiro
Escapou por ser cantor

Se escapasse algum arisco
Que me tirasse uma luz
Mas fodi até avestruz
Uma lebre e um bugio
E até a puta que o pariu
Um lagarto desgraçado
Tinha o cu de atravessado
E além disso muito frio

Depois passei pro rebanho
Já transformado em carneiro
E vou lhe dizer parceiro
Muito melhor que galinha
Aquela buceta quentinha
Que dá calor e dá frio
E até deixa um arrepio
Pelo sabugo da espinha

Assim bem despreocupado
A foda é muito gostosa
Maneada como pra tosa
Sentada no pau da gente
Tendo aquela coisa bem quente
Choromingando na piça
Chega dar uma preguiça
De dormir eternamente
Cobra sim, nunca comi
Nem marimbondo tampouco
E dum jeito meio louco
Me enrabei num urubu
Até um sapo cururu
Esculhambei da rabada
Pois nunca errei a estocada
Em bicho que tinha cu

Agora, coisa especial é uma porca
Tendo a gente por cachaço
Bem limpinha e com cabaço
No seco em noite de lua
Ela se encosta e recua
Rebola e salta pra frente
Talvez pensando que a gente
Tem piça em forma de pua

As terneiras do chiqueiro
Também entravam no ferro
E quantas vezes um berro
Soltado de sopetão
Trouxe gente do galpão
Correndo pra ver o que era
Quase pegando este cuera
Meio de guasca na mão

Aí nesse meio tempo
Depois de foder de tudo
Eu já andava cuiudo
Nas éguas de recolher
Bem cedo, ao amanhecer
Ainda na tesão da urina
Eu tinha certo uma china
E fodia a mais não poder

Um barranquito qualquer
Já estava arrumada a foda
Dava uma bombeada em roda
Cuidando de muito jeito
Pra evitar que algum sujeito
Desses que espiam a gente
Gritasse assim, de repente:
- Buenos dias, bom proveito

Onde a mulher escasseia
A coisa pega este rumo
O índio que não tem pro fumo
E não dá pra nada o que ganha
E é por isso que se assanha
Campeando substituto
Nesse velho prostituto
Dos rende-vous de campanha

Certa vez, uma changuita
Me pegou de barranqueio
E me gritou:
- Credo, que feio
Cruzes, que relaxamento
Porém me espiei de momento
E vi que ela tava querendo
Só assim acabei fodendo...

Mulher é bicho ciumento
O barranqueio é uma arte
Que exige muita cautela
Tem cada égua cadela
Que a princípio se estaqueia
Vira a cara, nos bombeia
Fazendo que não tá braba
Mas na hora do acaba
Nos dá uma negada feia

Assim termino essa história
Nem alegre nem tristonha
Piçasso, punheta, bronha
Tudo num estilo só
E quem não gostou tenha dó
E vá comer um urubu
Ou deixe as pregas do cu
Na chonga dum burro-chó.

Amor Campeiro

Deixei faz tempo a punheta
Que há muito não dava trégua
E me amiguei com uma égua
Bragada, lerda e maceta
Com um rasgão na buceta
Que media mais de légua

Tudo dependo do gosto
Neste mundão sem fronteira
Quanta china trepadeira
Seiúda e de boa anca
Segredo que não se explica
Não tem o gosto da pica
Num recavém de potranca

Quantas vezes quando piazote
Só pra ver o fundo da toca
Socava meia mandioca
Na racha desta bragada
E alí no más sem delonga
Socava também a chonga
Pra não perder a olada

Lá no fundo do potreiro
Contra um angico caído
É assim que tenho fodido
Quase que diariamente
E às vezes fico temente
Que desta fodologia
Me surja lá um certo dia
Um bragado meio gente

Tem ainda outro jeito
Lhes digo sincero e franco
Procuro um meio barranco
E encosto a égua de ré
E empurro a piça segura
Mais dura e mais tesuda
Do que a lança de Sepé

Até na beira da estrada
Eu já fodi me bombeando
E quantas vezes me acabando
Já sentindo a comichão
Da última estremessão
Qualquer fungo de cachorro
Me viu com cara de sorro
Saltar com a guasca na mão

Abandonei a bragada
Pois todo o pago sabia
Do cambicho o povo ria
E a bragada se gabava
Cola erguida, relinchando
Vinha ao trote me chamando
Quando ao longe me avistava

Mas de todas essas éguas
Que ergui na ponta da piça
Foi a tordilha petiça
Que maior gozo me deu
Pois a diaba se deitava
E relinchando se acabava
No mesmo sonho que eu

Faz bem pouco e bem me lembro
Quando eu tocava pra um xixo
Me veio o diabo capricho
De barranquear a potranca
Mas quando empurrei o gancho
Me largou um xurriu
Na limpa bombacha branca

Mas eu não vi o desastre
E assim no baile chegando
Só via china se espiando
E um velho meio arraivado
E me atacava e dizia
- Em baile que tem família
Não se aceita homem cagado

Eu fiquei desenxavido
Quando me senti cagado
Fiquei muito encabulado
Tive que me desculpar-
O senhor não vai pensar
Que vim assim por deboxe
Pois tava tão bom o coxe
Que não vi ela cagar

Se não eu não tinha vindo
Neste baile familiar
Mas a égua vai me pagar
O fiasco que cometi
Lá no passo do Butuí
No primeiro tacurú
Vou comer ela no cu
Pra nunca mais se exibir

O moralista

O moralista
Oh, poetas que cantais
velhas cópulas eqüinas,
olvidando outras vaginas,
que numa escala ascendente,
vos deram gozos candentes
no lupanar das campinas!
Eu que venero o passado
não cometo esta injustiça.

Consulto, pois, minha piça
cuja cabeça se anima
e bem melhor que a de cima
inda canta e não enguiça.

Lembro as primeiras punhetas
que findavam em "cosquinha"
calientes cus de galinhas
que eu fodi a valer
e o inigualável prazer,
- pelando a piça travessa -
de destapar a cabeça
prá um guaipeca lamber.

E as cadelas que eu comia
no meu tempo de menino!
Verdadeiro harém canino
que eu mantinha no galpão.

Só uma cachorra bandida
certa vez de uma mordida,
quase me deixa capão!
Depois passei para ovelha
a quem não dava quartel.

Mas a eterna lua de mel
que com uma porca mantive
é lembrança que ainda vive
do meu campeiro bordel...

Por fim a revelação
do prazer de comer égua,
quando a orgânica régua
de cabeça colorada
se transfìgurava na espada
de arremetida mui macha
- piça criada em bombacha,
pau do tempo do barato!

(Se o teu passado retrato
minha lembrança se alonga,
pois por ti, velha pichonga,
passou uma fauna tão vasta
que a memória se desgasta
em mental masturbação...)

E para a ejaculação
desta foda no passado,
vos digo, oh poetas tarados,
para concluir a lista,
que já fodi angolista,
pato, marreco e peru,
e pra se sincero e cru
- verdade que não escondo –
só não fodi marimbondo
porque tem ferrão no cu!

Guasca

Guasca

Piça velha, guasca torta
Nem pra mijar tu não presta
És tudo aquilo que resta
Dos tempos que eu era moço
Tu que eras tão gaudéria
E a maldita gonorréia
Entrou pelo teu pescoço
Te tirando do alvoroço
E deixando na miséria

Piça velha, guasca torta
Foste dura como um ferro
Já escutastes muitos berros
Quando cabaços arrancavas
Hoje mole como uma teta
Te esfrego e não sinto nada
Nem quando soco punheta
Não ficas arregaçada

Piça velha, guasca torta
Que fodeste tanta galinha
Patos, marrecos, perus,
Só safou-se marimbondo
Porque tem ferrão no cu
Mas agora, piça velha
Nem a cabeça levantas
Antes tesão era tanto
Que até terneira marchou

E agora que aqui te vejo
E sinto ainda o desejo
De dar alguma trepada
Penso, não vales nada
O teu tempo terminou
Mas pra tudo há um jeito
E não vou morrer a míngua
Já que não dás mais no couroVou foder, mesmo com a língua

Merda, merda, sempre merda

Merda, merda, sempre merda
Deus fez tudo que há no mundo,
E foi um serviço brabo.
Fez perna, cabeça e rabo,
Fez o pelo e fez a cerda.
Fez boi, fez carreta lerda.
Baralho e jogo de taiva,
E um dia quando cestiava,
Veio o Diabo e fez a Merda.

Foi aquele reboliço quando apareceu a cuja.
Mais feia do que coruja,
Fedendo que era um perigo,
E desde então é um castigo,
Do qual a gente se nega,
Mas todo o mundo carrega,
Desde que corta o umbigo.

Há vários tipos de merda,
Na falação gauchesca.
Merda fina, merda seca,
Churriu fino, churriu grosso.
O cagalhão e o troço.
Que de soldado a coronel,
Fedem em qualquer quartel

Merda, merda, sempre merda,
Parceira que ninguém gosta.
Seja esterco ou seja bosta,
Dura, mole ou granulenta,
Seja de rico ou seja de pobre
A merda é sempre fedorenta.

Merda em solado de bota,
Merda em roseta de espora,
Merda que se joga fora,
Num desperdício mais cru.
Se um dia ela fosse moeda,
E a merda valesse ouro,
O rico juntava um tesouro,
E o pobre nascia sem cu.

Melô da Buceta

Melô da Buceta

A racha nas entreperna
não há mulher que não tenha
quem quiser ouvir que venha
que eu vou descrever cada qual
as molhada e as sequinha
as cabaço e as sozinha
e aquelas que cheiram mal.

Vou falar primeiramente
com esta cara deslavada
da tal xoxota molhada
que chega a cheirar orvalho
tá sempre lubrificada
piscando desesperada
pedindo por um caralho.

A seca bem ao contrário
é coisa de mulher fria
querendo ficar prá titia
se renegando prá o macho
precisa de muito arreto
dedaço e chupão nos teto
prá vê se aceita o piçaço.

Não posso esquecer daquelas
que nunca foram exploradas
bucetas jamais tocadas
por um tarado qualquer
apertadas qual cú de macho
fechadas por um cabaço
esperando prá ser mulher.

Por outro lado há aquelas
geralmente de coroa
que ficam excitadas a toa
por lhe faltar companhia
de um nego véio piçudo
que entre rasgando tudo
e lhe faça gritar de alegria.

Mas as piores são as fedidas
que cheiram a bacalhau
mais agre do que um fel
e nos penteio seborréia
que só de pau encapado
dá prá coxiar descansado
sem pegá uma gonorréia.

Mas enfim todas são boas
cada qual com seu encanto
e uma coisa eu garanto
neste melô da buceta
não adianta companheiro
chegar perto e sentir o cheiro
prá depois bater punheta.

Solto ao Vento

Solto ao Vento
Hermeto Silva
É lindo peidar ao vento,
Em orgânica poluição,
Num natural dar vazão
Aos gases que vem do bucho,
É difícil dar-se ao luxo
De dispersar os odores,
Pois causam muitos rancores
Por entre o povo gaúcho.

Um peido solto no vento
Tem sua imagem poética
E também não fere a ética
Dos focinhos refinados
É lindo um peido assoprado
Como um clarim de campanha,
Que traz matizes de banha,
Ou de mondongo com vinho,
Forjado no som do pinho,
No chinaredo e na canha.

Um peido bem temperado
É quase uma obra de arte,
De Napoleão Bonaparte
Ao velho Bento altaneiro,
Este, com charque campeiro,
O outro com vinho francês...
Vejam que muito se fez
No memorial peidorreiro.

E é por isso, meus amigos,
Que eu faço um apelo ao povo
Em prol dos peidos de ovo,
De mocotó ou de lingüiça,
Embora feda a carniça
Tem atavismo no cheiro,
Pois desde o índio guerreiro
Ao nosso neto ou avô,
Me digam, meus companheiros:
- Quem é que nunca peidou ?

Buceta

Buceta

Grande buceta crioula
Tu foste criada à toa
Todos te acham mui boa
Pois qualquer índio tu cevas
Podes gritar sem reserva
Pois estás coberta de glória
Por sempre obter vitória
Nos piçassos que tu levas

Te chamo de vitoriosa
Por conhecer tua fama
Porque sei que numa cama
Quando a piça te procura
A resistência se apura
Fica molhada e desmaia
E eu duvido que ela saia
De ti novamente dura

Cada vez mais me convenço
Velha buceta bagual
Que tua fama é mundial
Por foderes com perícia
E às vezes só por malícia
Tu prova o que tenho dito
Pois muitas moças bonitas
Já metestes na polícia

Por isso que te admiro
Lagoa de bom tamanho
Lugar em que tomo banho
Quando estou afadigado
Na volta é mato cerrado
E o lago é profundo e feio
Onde eu pulei de ponteio
Quantas vezes, nem estou lembrado

Buceta, sempre és querida
Seja de moça ou de china
Pois tua graça domina
Desejos da humanidade
E eu confesso esta verdade
E onde náo entra teu nome
Qualquer espécie de homem
É homem pela metade

E aqui encerro, buceta
Porque já estou de pau duro
Mas quando eu pular o muro
Daqui para a eternidade
Faça-me esta vontade
Em vez de rezarem missa
Escrevam na minha piça
O teu nome, majestade.

Caralho

Caralho
Velha chonga crioula
De gloriosa tradição
Piça criada em galpão
De cabresto arrebentado
Já tiveste o teu passado
Hoje tens o teu presente
Numa buceta bem quente
Ou num cuzito apertado
Caralho criado solto
Na invernada da abertura
Nunca encontrou fechadura
E nem buraco apertado
Com um guspir entraste folgado
Pra descobrir a fundura
Quantas vezes por desaforo
Um cu te peidou na cara
Mas quando se ergue não dispara
É força da profissão
Com calma, água e sabão
Se despega o feijão
Que no pescoço se agarra
Caralho de lombo liso
É como um jundiá fora d'água
Que a china olha com mágoa
E agarra com devoção
É mais liso que sabão
Cruza matos e espinhos
No meio da escuridão
Caralho do tempo antigo
Com palmo e meio de lombo
Entra e sai fazendo rombo
Nas ramadas de pentelhos
Grosso, bem quente e feio
De cabeça retovada
De tanto levar pancada
Metido em buraco alheio